Graduado em Medicina humana pela Universidade de Alfenas (1999), residência em Genética Médica pelo HCRP-USP e título de...
iRedação formada por jornalistas especializados em alimentação, beleza, bem-estar, família, fitness e saúde.
O que é Síndrome de Turner?
A síndrome de Turner (CID 10 - Q96) ocorre quando o par de cromossomos X não é normal, podendo apresentar um cromossomo X ausente ou parcialmente ausente, podendo causar uma variedade de problemas médicos e de desenvolvimento, incluindo baixa estatura, a incapacidade de iniciar a puberdade, infertilidade, malformações cardíacas, certas dificuldades de aprendizagem e problemas de adaptação social.
A síndrome pode ser diagnosticada antes do nascimento (pré-natal), durante a infância ou na primeira infância, e ocorre em 1 a cada 2.000 partos de bebês com vida. Ocasionalmente, o diagnóstico é tardio.
Acredita-se que 98% de todos os fetos com Síndrome de Turner abortem naturalmente durante a gestação.
Quase todas as pessoas com síndrome de Turner precisam de cuidados médicos em curso a partir de uma variedade de especialistas. Exames regulares e cuidados adequados podem ajudar a ter uma vida independente e saudável.
Causas
Os humanos possuem 46 cromossomos. Os cromossomos contêm toda informação genética dentro dele, o que conhecemos como DNA. Dois desses cromossomos são denominados sexuais, conhecidos como X e Y.
Esses cromossomos determinam o sexo, sendo que XX corresponde ao sexo feminino e XY corresponde ao masculino o órgão sexual, sendo XX correspondente à vagina e XY correspondente ao pênis.
A síndrome de Turner ocorre em mulheres que apresentam um cromossomo sexual a menos, ou seja, apresentam 45 cromossomos (um cromossomo sexual a menos) . As alterações genéticas da síndrome de Turner podem ser:
Monossomia completa: Completa ausência de um cromossomo X. Geralmente ocorre devido a um erro no esperma do pai ou no óvulo da mãe. Isso resulta em todas as células do corpo com apenas um cromossomo X. A monossomia completa do cromossomo X ocorre em 50% dos casos da Síndrome de Turner.
Mosaicismo: Em 20 a 30% dos casos de Sindrome de Turner apresentam o cariótipo em mosaico. Isso significa que a paciente apresenta em seu organismo células normais (46,XX) e células com a monossomia do X ao mesmo tempo (45,X). Em alguns casos, há um cromossomo X completo e um exemplar alterado.
Material de cromossomo Y: Em uma pequena porcentagem dos casos de síndrome de Turner, algumas células têm uma cópia do cromossomo X e outras células têm uma cópia do cromossomo X e algum material de cromossomo Y. A presença de material de cromossomo Y aumenta o risco de um tipo de câncer chamado gonadoblastoma.
Saiba mais: Tudo que você precisa saber para tratar a infertilidade
Sintomas
Os sintomas da síndrome de Turner podem variar significativamente. Isso depende principalmente do resultado do cariótipo se paresenta mosaicismo ou a alteração é em todas as células. Veja:
No nascimento ou durante a infância
- Pescoço largo;
- Retrognatismo (mandíbula não proeminente);
- Palato bucal alto e estreito;
- Pálpebras caídas;
- Olhos ressecados;
- Pouco cabelo na parte de trás da cabeça;
- Peito largo, com mamilos amplamente espaçados;
- Dedos curtos;
- Orelhas salientes para fora, e/ou para baixo, podendo girar na direção da garganta linha de cabelos;
- Braços que dobram para fora na altura dos cotovelos;
- Unhas estreitas que viram para cima;
- Inchaço das mãos e pés, especialmente ao nascer;
- Estatura abaixo da média;
- Retardo do crescimento;
- Escoliose;
- Pés chatos;
- Quarto metacarpo curto (osso na mão por baixo da junta).
Na adolescência e juventude
Em alguns casos, a presença de síndrome de Turner pode não ser facilmente perceptível. Sinais e sintomas em crianças mais velhas, adolescentes e jovens que podem indicar a síndrome de Turner incluem:
- Ausência de surtos de crescimento, às vezes esperados na infância;
- Baixa estatura, com uma altura adulta de 20 centímetros a menos do que se poderia esperar de um membro feminino da mesma família;
- Dificuldades de aprendizagem, principalmente quando envolve conceitos espaciais ou matemática, embora a inteligência seja geralmente normal;
- Dificuldade em situações sociais, como problemas em entender as emoções ou reações de outras pessoas;
- Devido à falência ovariana, podem não ocorrer as mudanças típicas da puberdade como nascimento de pelos e crescimento de seios;
- Antecipação do fim ciclos menstruais;
- Na maioria dos casos, incapacidade de conceber uma criança sem tratamento de fertilidade.
Diagnóstico
O diagnóstico de Síndrome de Turner pode ser feito em qualquer fase da vida. Pode inclusive ser diagnosticada antes do nascimento, se a análise de cromossomos for feita nos exames de pré-natal.
Hoje é possível diagnosticar a monossomia do cromossomo X do feto a partir da 9ª semana de gravidez através de uma simples coleta de sangue periférico.
Para diagnosticar a síndrome de Turner, será realizado um exame físico em busca de sinais de subdesenvolvimento. Bebês com síndrome de Turner têm frequentemente as mãos e os pés inchados.
O diagnóstico de síndrome de Turner é dado através do exame de Cariótipo.
Os seguintes exames podem ser realizados:
- Os níveis hormonais no sangue (hormônio luteinizante e hormônio folículo estimulante);
- Ecocardiograma;
- Cariótipo banda G;
- Ressonância magnética do tórax;
- Ultrassonografia dos órgãos reprodutivos e rins;
- Exame pélvico.
A síndrome de Turner pode também alterar os níveis de estrogênio no sangue e na urina.
Fatores de risco
A perda ou alteração do cromossomo X ocorre aleatoriamente. Às vezes, é por causa de um problema com o esperma ou o óvulo, e outras vezes, a perda ou alteração do cromossomo X acontece no início do desenvolvimento fetal.
O histórico familiar não parece ser um fator de risco, por isso é pouco provável que os pais de uma criança com síndrome de Turner tenham outra com o transtorno.
Além disso, ao contrário das trissomias como a trissomias do cromossomo 21 (Síndrome de Down) que aumentam sua incidência com o aumento da idade materna, a Síndrome de Turner tem a mesma incidência independentemente da idade da mulher.
Na consulta médica
É importante levar sua filha para todas as visitas regulares e consultas anuais durante a infância. Estas visitas são uma oportunidade para o médico tomar as medidas de altura, observar atrasos no crescimento esperado e identificar outros problemas no desenvolvimento físico.
Se você desconfia que sua filha tem a síndrome de Turner, marque uma consulta médica. Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram;
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade;
- Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
Saiba mais: 11 atitudes que facilitam a consulta médica
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Que preocupações você tem sobre o crescimento ou desenvolvimento da sua filha?
- A sua filha começou a mostrar sinais de puberdade?
- Ela está tendo qualquer tipo de dificuldades de aprendizagem na escola?
- Como ela interage com outras crianças ou adultos?
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para síndrome de Turner algumas perguntas básicas incluem:
- Quais exames são necessários?
- Quando saberemos os resultados dos testes?
- Quais especialistas precisamos ver?
- Como será feita a triagem de transtornos ou complicações que são comumente associados com a síndrome de Turner?
- Como posso ajudar a monitorar a saúde e o desenvolvimento da minha filha?
- Você pode sugerir materiais educativos e serviços de apoio locais relacionadas à síndrome de Turner? Quais sites você recomenda?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Buscando ajuda médica
Às vezes é difícil distinguir os sinais e sintomas da síndrome de Turner de outros transtornos. Portanto, é importante marcar uma consulta médica para obter um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
Marque uma consulta se você acha que sua filha mostra sinais de síndrome de Turner ou se você tiver dúvidas sobre o seu desenvolvimento físico, sexual ou comportamental.
Tratamento
Terapias hormonais
As reposições hormonais são os principais tratamentos para síndrome de Turner. A terapia do hormônio de crescimento é recomendada para a maioria dos casos. O objetivo é aumentar a altura tanto quanto possível durante a infância e adolescência.
O tratamento com hormônio de crescimento geralmente é dado várias vezes por semana, como injeções de somatropina. A terapia com hormônio de crescimento é um tratamento padrão na Síndrome de Turner e pode resultar em um ganho de 6 a 10 cm na estatura final.
Se o ganho de altura não ocorre, alguns médicos podem recomendar um androgênio chamado oxandrolona, além do hormônio do crescimento.
A terapia estrogênica também deverá ser feita na maioria dos casos, a fim de começar a puberdade e alcançar o desenvolvimento sexual adulto. O estrogênio também pode ajudar no crescimento quando usado junto com a terapia anterior.
O tratamento com estrógeno geralmente continua durante toda a vida, até que a mulher atinja a idade média da menopausa.
Tratamentos específicos
Por causa da variedade de sintomas e complicações, outros tratamentos são adaptados para resolver problemas específicos da paciente. Como a síndrome de Turner pode resultar em vários problemas de desenvolvimento e complicações médicas, vários especialistas podem estar envolvidos na triagem para condições específicas, recomendando tratamentos e prestação de cuidados.
Essa equipe pode evoluir à medida em que as necessidades da criança mudam, e o pediatra pode coordenar o cuidado. A equipe de cuidados para síndrome de Turner incluir alguns ou todos esses profissionais:
- Endocrinologista;
- Cardiologista;
- Ginecologista;
- Ortopedista;
- Otorrinolaringologista;
- Dentista;
- Oftalmologista;
- Psicólogo ou psiquiatra;
- Geneticista.
Exames regulares têm mostrado melhorias substanciais na qualidade e duração de vida das pacientes com síndrome de Turner. Problemas que muitas vezes surgem durante a vida adulta incluem perda de audição, problemas nos olhos, pressão arterial elevada, diabetes e osteoporose.
Gravidez e fertilidade
Poucas pessoas com síndrome de Turner pode engravidar sem tratamento de fertilidade. Aquelas que podem ainda estão propensas a experimentar falência dos ovários e infertilidade subsequente muito cedo na vida adulta. Por isso, é importante discutir o calendário de gravidez com o médico ou médica.
Algumas mulheres com síndrome de Turner podem engravidar com a doação de um óvulo ou embrião. Isto requer uma terapia hormonal especialmente concebida para preparar o útero para uma gravidez.
Na maioria dos casos, as mulheres com síndrome de Turner têm gestações de alto risco. É importante discutir isso com a equipe médica.
Saiba mais: Entenda como funciona a doação de óvulos
Tem cura?
Pessoas com a síndrome de Turner podem ter uma vida normal quando cuidadosamente acompanhadas por uma equipe médica.
Prevenção
Não há uma forma conhecida de prevenir a síndrome de Turner. No entanto, é importante prestar atenção aos sintomas e fazer o diagnóstico precoce, para o tratamento começar o mais cedo possível.
Complicações possíveis
A síndrome de Turner pode afetar o bom desenvolvimento de vários sistemas do corpo. Pode ocorrer uma série de complicações, incluindo:
- Problemas cardíacos;
- Risco aumentado para diabetes e hipertensão;
- Perda de audição;
- Problemas renais;
- Disfunções da tireoide;
- Doença inflamatória intestinal e doença celíaca;
- Desenvolvimento deficiente ou anormal dos dentes pode levar a um maior risco de perda do dente;
- A forma do céu da boca e do maxilar inferior pode resultar em uma mordida mal alinhada;
- Estrabismo e hipermetropia;
- Escoliose, cifose e osteoporose;
- Infertilidade ou, se ocorrer, gravidez de risco;
- Dificuldades de aprendizagem;
- Maior risco de déficit de TDAH.
Referências
Revisado por: Ciro Martinhago, geneticista diretor do departamento de genética médica do SalomãoZoppi Diagnósticos e diretor da Chromossome Medicina Genômica - CRM SP 102030
Ministério da Saúde